quinta-feira, 13 de março de 2014

Doenças de Origem Alimentar

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças de origem alimentar podem ser do tipo infeccioso ou tóxico; estas são causadas pela ingestão de água ou alimentos contaminados com algum tipo de agente patológico.
As diarreias associadas ao consumo de alimentos e águas impróprias são as principais causas de mortes em países pobres; matam cerca de 1,8 milhões de pessoas por ano, principalmente crianças. Em países industrializados, este tipo de doenças afecta, anualmente, cerca de 30% da população. Os grupos considerados de risco de contrair idosos, crianças, grávidas e pessoas imunodeprimidas.  
  A segurança alimentar é uma preocupação mundial, pois as doenças de origem alimentar apresentam um elevado impacto na saúde dos indivíduos e de populações, além de acarretarem despesas para os sistemas de saúde e para a própria sociedade.

As bactérias patogénicas causam a maioria dos surtos e casos de doenças transmitidas por alimentos; não só em número como em frequência, embora outros agentes como os vírus, fungos ou os parasitas também as possam provocar. Devido à sua estrutura muito simples e por serem microrganismos unicelulares, as bactérias replicam-se muito rapidamente caso encontrem nutrientes, temperatura, pH, humidade e concentração de oxigénio adequados (Baptista et al, 2003; European Food Safety Authority e European Centre for Disease Control, 2011; Newell et alii, 2010). As bactérias mais comuns presentes nos alimentos são Salmonella sp., Campylobacter, Escherichia coli, Listeria monocytogenes e Clostridium botulinum.
Na maioria das vezes, a transmissão das doenças de origem alimentar ocorre devido à inadequada manipulação e preparação dos alimentos.


Tabela 1 - Exemplos de alimentos e respectivos microorganismos patogénicos associados:





Doenças de Origem Alimentar em Portugal e na Europa

As doenças de origem alimentar têm vindo a aumentar nos países desenvolvidos. Devido a factores como o envelhecimento da população, alterações sociais (processo de distanciamento em relação ao alimento), demográficas (concentração da população nas metrópoles) e comportamentais, como por exemplo, a tendência crescente para o consumo de alimentos frescos e pré- embalados, bem como de alimentos que são consumidos sem aquecimento adicional (Havelaar, 2010).





Gráfico 1: Distribuição de doenças de origem alimentar por agente causador de doença, na União Europeia.




Fonte: European Food Safety Authority e European Centre for Disease Prevention and Control, 2012.




No ano de 2012 a Salmonella foi o agente infeccioso que provocou um maior número de surtos ao nível da União Europeia, precedida pelas toxinas bacteriológicas, que englobam o Bacillus, Clostridium e Staphilococcus. A Escherichia coli, os parasitas e Yerisinia são os agentes infecciosos que apresentam menor número de surtos.





Gráfico 2: Casos reportados de salmoneloses em humanos e respectiva confirmação, na Europa (2008-2012).









Chipre e Portugal são os países que apresentam, respectivamente, menor número de casos confirmados de salmoneloses; evidencia-se um decréscimo do ano 2008 até ao ano 2012.


         Os países com um maior número de salmoneloses confirmadas são a República Checa (10707 casos em 2008) e a Espanha (3833 casos em 2008). No ano de 2012 a República Chega apresenta uma ligeira diminuição do número de casos relativamente ao ano de 2008 (10245 em 2012); já a Espanha teve um aumento significativo de salmoneloses (4181 em 2012).



Gráfico 3: Casos de listerioses em humanos; distribuição por idade e género na União Europeia.


Os grupos que apresentam um maior número de casos de listerioses são as crianças com menos de 1 ano de idade, havendo, praticamente igualdade de casos em ambos os sexos; e os idosos (> 85 anos), em que a incidência da doença é superior nos homens. Estes são grupos de elevada vulnerabilidade.