De
acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças de origem alimentar
podem ser do tipo infeccioso ou tóxico; estas são causadas pela ingestão de
água ou alimentos contaminados com algum tipo de agente patológico.
As diarreias associadas ao consumo de alimentos e
águas impróprias são as principais causas de mortes em países pobres; matam
cerca de 1,8 milhões de pessoas por ano, principalmente crianças. Em países
industrializados, este tipo de doenças afecta, anualmente, cerca de 30% da
população. Os grupos considerados de risco de contrair idosos, crianças, grávidas
e pessoas imunodeprimidas.
As
bactérias patogénicas causam a maioria dos surtos e casos de doenças
transmitidas por alimentos; não só em número como em frequência, embora outros
agentes como os vírus, fungos ou os parasitas também as possam provocar. Devido
à sua estrutura muito simples e por serem microrganismos unicelulares, as
bactérias replicam-se muito rapidamente caso encontrem nutrientes, temperatura,
pH, humidade e concentração de oxigénio adequados (Baptista et al, 2003;
European Food Safety Authority e European Centre for Disease Control, 2011;
Newell et alii, 2010). As bactérias mais comuns presentes nos alimentos são
Salmonella sp., Campylobacter, Escherichia coli, Listeria monocytogenes e Clostridium
botulinum.
Na
maioria das vezes, a transmissão das doenças de origem alimentar ocorre devido
à inadequada manipulação e preparação dos alimentos.
Tabela 1 - Exemplos de alimentos e respectivos microorganismos
patogénicos associados:
Doenças de Origem Alimentar em Portugal e na Europa
As
doenças de origem alimentar têm vindo a aumentar nos países desenvolvidos.
Devido a factores como o envelhecimento da população, alterações sociais
(processo de distanciamento em relação ao alimento), demográficas (concentração
da população nas metrópoles) e comportamentais, como por exemplo, a tendência
crescente para o consumo de alimentos frescos e pré- embalados, bem como de
alimentos que são consumidos sem aquecimento adicional (Havelaar, 2010).
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Gráfico
1: Distribuição de doenças de origem
alimentar por agente causador de doença, na União Europeia.
Fonte: European Food Safety Authority e European Centre for Disease Prevention and Control, 2012.
No ano
de 2012 a Salmonella foi o agente
infeccioso que provocou um maior número de surtos ao nível da União Europeia,
precedida pelas toxinas bacteriológicas, que englobam o Bacillus, Clostridium e Staphilococcus.
A Escherichia coli, os parasitas e Yerisinia são os agentes infecciosos que
apresentam menor número de surtos.
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Chipre e Portugal são os países
que apresentam, respectivamente, menor número de casos confirmados de
salmoneloses; evidencia-se um decréscimo do ano 2008 até ao ano 2012.
Os
países com um maior número de salmoneloses confirmadas são a República Checa
(10707 casos em 2008) e a Espanha (3833 casos em 2008). No ano de 2012 a
República Chega apresenta uma ligeira diminuição do número de casos relativamente
ao ano de 2008 (10245 em 2012); já a Espanha teve um aumento significativo de
salmoneloses (4181 em 2012).
Os grupos
que apresentam um maior número de casos de listerioses são as crianças com menos
de 1 ano de idade, havendo, praticamente igualdade de casos em ambos os sexos; e
os idosos (> 85 anos), em que a incidência da doença é superior nos homens. Estes
são grupos de elevada vulnerabilidade.