segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Água Mineral Natural

Água Mineral Natural: São as que, por qualquer especificidade físico-química, se distinguem das águas “normais” de uma dada região. As águas minerais apresentam mineralizações totais ou determinadas características específicas, como pH, sulfuração, sílica, CO2, etc, diferentes dos valores correntes ou temperaturas mais altas que a temperatura média do ar.”
       Este tipo de água pode chegar ao consumidor sob várias formas: como água da torneira ou engarrafada, ou ainda como água termal destinada a tratamentos.


Fonte: Classificação das Águas Minerais Naturais, Termas de Portugal.





Legislação Aplicável
  • Portaria nº1220/2000, de 29 de Dezembro, estabelece regras relativas às condições a que as águas minerais naturais e as águas de nascente, na captação, devem obedecer para poderem ser consideradas bacteriologicamente próprias.
  • Decreto-Lei nº156/98, de 6 de Junho, preconiza as regras relativas ao reconhecimento das águas minerais naturais e as características e condições a observar nos tratamentos, rotulagem e comercialização das águas minerais naturais e águas de nascente. O nº4 do artigo 7ºdo presente diploma é revogado pelo Decreto-Lei nº268/2002, de 27 de Novembro e refere o seguinte: “A fim de permitir que a indústria nacional do sector das águas minerais naturais e águas de nascente possa concorrer no mercado em condições idênticas às dos seus congéneres europeus, (…) no que respeita ao acondicionamento das águas minerais naturais e de nascente, permitindo-se a sua comercialização sem se fixarem capacidades obrigatórias para o seu embalamento”.
  • Decreto-Lei nº142/2004, de 11 Junho aprova o regime jurídico da actividade termal, regulando o licenciamento, a organização, o funcionamento e a fiscalização dos estabelecimentos termais.

  •   Decreto-Lei nº72/2004, de 25 de Março, estabelece a lista, os limites de concentração e as menções constantes do rótulo para os constituintes das águas minerais naturais, bem como as condições de utilização de ar enriquecido em ozono para o tratamento das águas minerais naturais e das águas de nascente.

Água Canalizada vs Água Engarrafada



“Segundo um estudo do Instituto Regulador de Águas e Resíduos (IRAR – actualmente Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos, ERSAR), realizado em 2008, três quartos dos portugueses consomem água engarrafada, embora a da rede tenha boa qualidade para o efeito. Em 2009, a preferência pela garrafa reduziu substancialmente e em 2010 ainda mais.” (Ciência Hoje, 2011)

De acordo com o estudo do IRAR a água da rede apresenta boa qualidade para consumo, no entanto, algumas populações têm enraizada a ideia de que a água da torneira, por algum motivo, não é boa. Muitas vezes este hábito surge devido a acontecimentos passados, como é o caso do concelho de Portimão (entre outros), que se localiza na faixa litoral algarvia. Sendo o Algarve uma zona costeira era comum acontecer que a água da torneira fosse salgada, pois as captações eram essencialmente subterrâneas e com elevada intrusão salina.          

Até Fevereiro de 2000, a água que abastecia o concelho de Portimão, provinha de 10 furos de captação. No entanto, a abertura indiscriminada de furos particulares e a fraca pluviosidade registada no Algarve, vieram a provocar o avanço considerável do nível do mar, ou seja, a intrusão do mar levando à contaminação do aquífero que alimenta os furos e, posteriormente à inutilização de algumas captações públicas. Actualmente este problema já não se verifica, não só no concelho de Portimão, como na maioria dos concelhos Algarvios, pois estes são abastecidos pela empresa Águas do Algarve cuja água, totalmente de superfície, tem origem em diversas albufeiras. De modo a incentivar os consumidores a utilizarem água da torneira e demonstrar que esta tem qualidade para o efeito têm-se vindo a realizar diversas campanhas como é exemplo as que se seguem:


Fonte: Empresa Municipal de Água e Resíduos de Portimão (EMARP), 2013


  • Esta imagem faz alusão a um seminário intitulado “Qualidade e Segurança da Água para Consumo Humano no Algarve”, no qual participei. Este seminário teve como principal propósito mostrar a qualidade da “água da torneira” distribuída no Algarve, fomentando o consumo da mesma em detrimento da água engarrafada.


Figura 1: Panfleto e garrafa de água reutilizável da empresa “Águas do Algarve”.
Catarina Albuquerque, relatora especial das Nações Unidas (ONU) para a água defende a realização de uma “mega-campanha” para lembrar aos portugueses que a água da torneira tem muito boa qualidade e é mais amiga do ambiente do que a engarrafada. Defende a instalação de bebedouros públicos para diminuir o consumo de água engarrafada e apela a uma sensibilização da restauração para colocar nas mesas jarros de água (Lusa, 2009).





Por ocasião da celebração do “Dia Mundial da Água”, a Direcção Geral da Saúde, publica o seguinte despacho:








Vídeo 1: Campanha de Sensibilização "Água da Torneira-Eu Bebo", realizada no Algarve





O problema dos Resíduos – Água Engarrafada



Quando compramos água engarrafada nunca pensamos no que vai acontecer ao plástico após o consumo da água. Pois bem, existem impactos directos causados durante o ciclo produtivo das embalagens de Politereftalato de Etileno (PET), impactos causados pelo transporte da água engarrafada até ao local de consumo e os impactos do pós-consumo.

  • Impactos directos: Este ponto engloba todo o ciclo de produção da garrafa, até estar pronta para chegar ao consumidor. No caso do plástico PET este ciclo inicia-se com a extracção do petróleo, fabricação e moldagem da garrafa e, posterior lavagem da mesma. Aquando da análise do ciclo de vida importa considerar o consumo de recursos naturais e de diversas matérias-primas, como o consumo de água e energia, emissões de poluentes atmosféricos e a geração de efluentes líquidos e de resíduos sólidos. Ainda que as garrafas sejam recicladas, importa considerar ainda os impactos causados pelo processo de reciclagem. A reciclagem de embalagens, em 2011, encontrava-se em 80.926 toneladas (PORDATA, 2012).           
Analisando, por comparação, o ciclo de vida das embalagens PET, do alumínio e do vidro, é o das embalagens PET que causa maiores impactos ambientais.

  • Impactos indirectos: São causados principalmente pelo transporte das embalagens, desde o seu fabrico até ao consumidor. São lançados poluentes atmosféricos, principalmente CO2 que é responsável pelo agravamento do efeito de estufa.

  • Impactos pós-consumo: Estes são os impactos causados após a utilização das garrafas quando são depositadas em aterro sanitário ou, da forma mais prejudicial, quando são depositadas directamente na natureza. No caso do plástico colocado no local correcto, ou seja, em ecopontos (para posterior separação) os impactos são, definitivamente, menores quando comparados com os que advêm da deposição em locais inadequados. Quando depositados, directamente na natureza, as garrafas de plástico podem ir ter a linhas de água, agravando a poluição da água pelos seus efeitos tóxicos, pois o plástico pode demorar mais de 100 anos até se degradar, levando também à perda de biodiversidade. Existe ainda outro problema que ocorre devido à incorrecta deposição destes materiais, como a possibilidade de os animais confundirem as garrafas com comida, levando-os à morte.

 Fonte: Impactos Ambientais das Embalagens PET; Água na Jarra-Nossa Causa


De acordo com um estudo publicado pelo Earth Policy Institute, relativo ao ano de 2006, os Estados Unidos são dos países que mais consomem água engarrafada (cerca de 31 mil litros), logo a seguir encontra-se o México (20 mil litros), a China (17 mil litros) e o Brasil com 12 mil litros.
Um litro de água engarrafada pode custar 200 vezes mais do que um litro de água da rede, isto apenas em alguns países.
A reciclagem é o método mais sustentável para lidar com o consumo de plástico, no entanto, alguns países mais carenciados não dispõem de infra-estruturas adequadas para o fazerem.               
Em países como a China, grandes quantidades de garrafas vazias são transportadas e tratadas noutros países. A água canalizada permite economizar, pelo menos, 10kg em sustâncias poluentes. Algumas empresas de águas avançam com a aposta em eco-embalagens e afirmam investir para tentar atingir um nível de reciclagem de garrafas PET de cerca de 50% (Ciência  Hoje, 2011).