segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Vigilância Microbiológica de Refeições em Refeitórios Escolares



A Segurança Alimentar e Nutricional é definida como o direito de todas as pessoas ao acesso regular e permanente a uma alimentação saudável, ou seja, a alimentos de qualidade nutricional e hígio-sanitária adequadas e em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais. A alimentação deve ser baseada em práticas alimentares promotoras de saúde, deve respeitar a diversidade cultural e social e deve ser económica e ambientalmente sustentável. (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2007)


A maioria das doenças transmitidas por alimentos é de origem microbiológica, geralmente originadas por manipulações inadequadas, infecções cruzadas, confecção ou conservação deficientes.                                      
Infecções Alimentares – Doenças provocadas por microorganismos;

Toxinfecções Alimentares – Doenças provocadas pelas toxinas presentes nos microorganismos.

Legislação Aplicável
  De acordo com o disposto no artigo 4ºdo Decreto-Lei nº399 A/84 de 28 de Dezembro, compete às “Câmaras Municipais, em matéria de refeitórios (…), deliberar sobre a criação, manutenção e administração dos refeitórios escolares (…), deliberar sobre as condições de acesso ao refeitório de utentes que não pertençam ao estabelecimento de ensino, onde o mesmo se integra (…).”
Regulamento 852/2004 de 29 de Abril pronuncia-se sobre a higiene dos géneros alimentícios.
Regulamento 178/2002 de 28 de Janeiro “determina os princípios e normas gerais da legislação alimentar, cria a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos e estabelece procedimentos em matéria de segurança dos géneros alimentícios”.

Lei nº16/2010 de 30 de Julho “excepciona os bares, cantinas e refeitórios das associações sem fins lucrativos do regime geral de licenciamento.

De acordo com o Decreto-Lei nº82/2009 de 2 de Abril,
 na sua última redacção, dada pelo Decreto-Lei nº135/2013 de 4 de Outubro, compete às Autoridades de Saúde vigiar o "nível sanitário dos aglomerados populacionais, dos serviços, estabelecimentos e locais de utilização pública e determinar as medidas correctivas necessárias à defesa da Saúde Pública".



Programa de Promoção da Qualidade Microbiológica das Refeições em Estabelecimentos de Educação (PPQMREE)               

O Departamento de Saúde Pública propõe, para o horizonte temporal de 2011/2016, o desenvolvimento de um Programa de Promoção da Qualidade Microbiológica das Refeições em Estabelecimentos de Educação, através de um sistema de vigilância microbiológica.
Objectivo do Programa: Promover a qualidade microbiológica das refeições nas escolas da rede pública do Ensino Pré-Escolar e Ensino Básico do 1º Ciclo.


Especificamente
 Monitorizar a qualidade microbiológica das refeições fornecidas nas escolas da rede pública do Ensino Pré-Escolar e Ensino Básico do 1º Ciclo;
             Identificar situações de risco e determinar as respectivas medidas correctivas;
              Promover a formação de manipuladores de alimentos.



   Instituições Envolvidas

·        Departamento de Saúde Pública da ARS Algarve, IP/Unidades de Saúde Pública dos ACES do Algarve;
·        Autarquias;
·        Direcção Regional de Educação do Algarve/Agrupamento de Escolas.
   Metodologia
Recolha de Amostras de Refeições, aleatoriamente seleccionadas, em Escolas do 1º Ciclo e Pré-Escolar através dos Técnicos de Saúde Ambiental das USP dos respectivos ACES.
Realização de Análises Microbiológicas pelo Laboratório Regional de Saúde Pública para determinação de microorganismos indicadores e patogénicos com vista à avaliação da qualidade hígio-sanitária.
Interpretação das análises microbiológicas e determinação de medidas correctivas pelos Coordenadores das Unidades de Saúde pública dos ACES.
Envio de Resultados à Autarquias e aos Agrupamentos Escolares respectivos.
Promoção da Formação aos manipuladores de alimentos dos refeitórios escolares.



















Recursos Humanos                                 
·        Profissionais do Laboratório Regional de Saúde Pública (LRSP);
·        Técnicos de Saúde Ambiental das USP dos ACES;
·        Nutricionistas e Dietistas dos ACES e DSP da ARS;
·        Médicos de Saúde Pública das USP dos ACES e DSP da ARS.

    Recursos Materiais
         Utensílios para a amostragem das refeições escolares;
         Reagentes e equipamento laboratorial.                                            

      Método de Avaliação

O Programa deverá ser avaliado, não só no término do seu horizonte temporal, como também o deverá ser com uma periodicidade anual, de modo a monitorizar os seguintes indicadores:
·        Nº de refeitórios escolares monitorizados/Nº de refeitórios existentes, relativamente aos que se encontram abrangidos pelo programa;
·        Nº de refeitórios alvo de formação aos manipuladores/Nº de refeitórios monitorizados;
·        Nº de amostras efectuadas/Nº de amostras programadas;
·        Nº de amostras impróprias para consumo/Nº de amostras efectuadas.


Fonte: Programa de Promoção da Qualidade Microbiológica das Refeições Escolares - Departamento de Saúde Pública; ARS Algarve, IP.



Material Necessário e Procedimento a Adoptar para a Realização de Colheitas de Géneros Alimentícios


Tabela 1: Check-list alusiva ao material cujo Técnico se deve fazer acompanhar aquando da colheita de géneros alimentícios.
ESCRITÓRIO
EPI
MATERIAL
de
COLHEITAS
DESINFECTANTE
TRANSPORTE
Impressos
Touca
Sacos de colheitas esterilizados
Álcool
Saco para o material e
equipamento
Marcador
Máscara
Garfos
esterilizados
Algodão ou compressas
Mala isotérmica
Esferográfica
Bata
Facas
esterilizadas
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Termoacumu-ladores
Lápis
Protectores de
calçado
Colheres esterilizadas
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Borracha
Luvas esterili-zadas
Caixa plástica com 1 termoacumulador
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 Fonte: Departamento de Saúde Pública, ARS Algarve (Dra. Maria da Graça Fernandes)


Procedimento
   1.  Limpar e desinfectar a área onde vai ser realizada a colheita, de modo a garantir condições de assepsia;
   2.  Lavar/desinfectar correctamente as mãos;
   3.  Posicionar os utensílios de colheita na área de trabalho, de modo a que a execução da colheita decorra de modo e metódico, impedindo a ocorrência de uma contaminação da amostra durante o processo de recolha;
   4.  Preparar a amostra de modo a facilitar a sua recolha. Durante a preparação da amostra deve:
         a.  Retirar os constituintes da amostra que comprometam a integridade do recipiente de recolha (ex.: espinhas, ossos, etc.), que poderão furar os recipientes plásticos;
          b.  Dividir em pequenas porções, fáceis de recolher higienicamente, os alimentos que se apresentam originalmente em peças de grandes dimensões;
          c.   Realizar a colheita da amostra, minimizando a exposição do interior do recipiente de recolha;
          d.  Fechar o recipiente de recolha, de modo a que fique perfeitamente estanque até à sua abertura no laboratório;
          e.  Identificar correctamente a amostra: local, natureza, data e hora.
   5.  Colocar a amostra colhida em mala térmica, previamente refrigerada com termoacumuladores, de modo a que a amostra seja transportada a uma temperatura compreendida entre 1ºC e 8ºC;   
   6.  Transportar para o laboratório o mais rapidamente possível, devendo iniciar-se a análise no período máximo de 24h, após a recolha.

Fonte: Procedimento de colheita de amostras de refeições prontas a consumir para análise microbiológica - Instituto Nacional de Saúde, Doutor Ricardo Jorge.

Interpretação de Resultados

Após a chegada dos resultados das análises realizadas aos alimentos é necessário proceder à sua interpretação e informação aos respectivos Estabelecimentos de Ensino e à Autarquia.
Existem diversas ferramentas que possibilitam a análise dos resultados; o Excel é uma dessas ferramentas. É possível comparar os resultados obtidos nos diversos Estabelecimentos de Ensino, verificar se há evolução e comparar resultados anualmente, tudo num só documento. É assim possível fazer uma leitura mais abrangente e fácil de todos os resultados considerados necessários, com o intuito de reduzir possíveis focos de doença.

A tabela abaixo é um exemplo da que é utilizada no Centro de Saúde de Silves.