domingo, 8 de junho de 2014

O Fim de Um Ciclo

Terminado o meu Estágio Curricular no Aqualab chega ao fim um ciclo da minha vida Académica – a conclusão da Licenciatura em Saúde Ambiental.

A par do que aconteceu no estágio anterior, também aqui o meu primeiro dia foi marcado pela presença de algum nervosismo; o receio de errar e de não conseguir fazer correctamente uma ponte entre o trabalho a desenvolver no estágio e a sua necessidade em Saúde Ambiental foram os receios que senti inicialmente. Relativamente aos colegas mostraram-se bastante disponíveis para ajudar no que fosse necessário, não tendo qualquer receio a esse nível.

No decurso do estágio fui acompanhada praticamente por toda a Equipa do Departamento de Águas e Alimentos, especialmente pela equipa responsável pelo departamento de microbiologia: Karine Di Capua, Teresa Costa e Andrea Sousa, que foram sempre incansáveis para que eu pudesse assimilar o máximo de conhecimentos na área em questão.

 Em relação às actividades realizadas tive oportunidade de conhecer todos os procedimentos implicados desde a colheita de amostras (águas e alimentos) até chegar à apreciação de resultados, passando pela a análise das amostras; o que normalmente acontece na rotina de um Técnico de Saúde Ambiental é apenas a realização da colheita e a avaliação dos resultados, ou seja, a componente de saber como se chegou a determinado resultado (análise) não existe. É muito importante perceber todas as etapas deste “processo”: colheita de amostras – análise das mesmas – interpretação de resultados - medidas resolução de problemas (se necessário).

No início do estágio ficou estipulado que eu seria responsável pela desinfecção semanal das bancadas (Laboratório de Microbiologia e Sala de Preparação de Alimentos). A desinfecção é feita com uma solução antimicrobiana; após a desinfecção faz-se um controlo com placas de contacto (contêm Plate Count Agar) para auferir a veracidade da desinfecção; as placas seriam então incubadas em estufa 24h a 30ºC e após esse tempo verificava-se se havia ou não crescimento microbiano. 

Após a desinfecção era altura de preparar meios de cultura e diluentes, tendo sempre presente a importância da esterilidade destes. Se os meios não se encontrarem completamente estéreis (isentos de microorganismos viáveis) quando uma amostra é analisada com determinado meio pode daí resultar uma contaminação da mesma – falso positivo. Haverá assim o comprometimento da análise e do próprio laboratório. Para além da preparação dos meios e respectiva esterilização é necessário fazer também a esterilização dos materiais utilizados no laboratório e nas colheitas (colheres, garfos, etc.).

Participei também em colheitas de amostras de águas e alimentos, tendo um dia fixo (5ª feira) para acompanhar o técnico de colheitas, o que não impedia de o fazer noutros dias em que fosse necessária a minha colaboração.

Como qualquer tarefa que a executar é necessário começar pela base. No caso das Análises Microbiológicas a Alimentos comecei por fazer a preparação (pesagem e adição do respectivo diluente) dos alimentos aquando da sua chegada ao laboratório. Após a preparação marcavam-se as placas de Petri com número da amostra, microorganismos a pesquisar e data da análise. Importa referir que num laboratório de microbiologia todas as análises são realizadas à chama do bico de bunsen e em bancada desinfectada. Através destas análises consegue-se conhecer as condições de higiene em que o alimento foi preparado e os riscos que pode transmitir à saúde do consumidor” (Franco & Landgraf, 1996). 

No âmbito das Análises Microbiológicas a Águas existem análises periódicas obrigatórias estipuladas pelo Decreto-Lei nº306/2007 de 27 de Agosto.  Um controlo regular da presença de bactérias nos sistemas de distribuição de água, jacuzzis, piscinas, piscinas de hidroterapia, e/ou nos sistemas de água potável ou de água proveniente de processos industriais, é a única forma de prevenir doenças ou infecções (Bio-Rad 2011).Tal como nas análises aos alimentos, importa aqui ter em consideração as mais rigorosas condições de assepsia. Ainda no campo das análises de águas, tive oportunidade de auxiliar na pesquisa e quantificação de Legionella., tendo esta sido uma das tarefas que desempenhei com maior satisfação. Saliento que após a realização de todas as análises era feita a contagem do crescimento de microorganismos e lançamento de resultados no sistema, para posterior envio para os clientes.

Para garantir a qualidade e fiabilidade das análises realizadas no Aqualab é importante realizar controlos a todos os meios de cultura e diluentes preparados; para os que não são preparados no laboratório a empresa que os fornece disponibiliza os respectivos certificados de qualidade.

Após esta breve reflexão das actividades desenvolvidas no estágio, quero agradecer a todas as pessoas que me acompanharam e ajudaram ao longo deste percurso:

  •     Em primeiro lugar: às minhas “orientadoras” Karine Di Capua, Teresa Costa e Andrea Sousa, por toda a ajuda disponibilizada e por todo o conhecimento que me transmitiram;
  •     Em segundo lugar: ao professor Rogério Nunes, pela disponibilidade, auxilio e orientações dadas durante todo estágio;
  •     Em terceiro lugar: aos meus pais e irmão; o apoio incondicional deles foi insubstituível;
  •      Em quinto lugar: A toda a equipa do Aqualab: Departamentos de Águas e Alimentos, Análises Clínicas, Qualidade e Restantes Funcionário, por todo o apoio e carinho transmitidos;
  •     Em sexto lugar: a todos aqueles que, de uma ou de outra forma me ajudaram em todo este percurso.





quinta-feira, 29 de maio de 2014

Última Semana no Aqualab

Como já referi na publicação anterior o meu estágio no Aqualab está prestes a terminar, o que acontece já no fim da corrente semana.

Esta foi uma que se mostrou muito cansativa, já que foi necessário renovar o stock de diluentes e meios de cultura que se costumam preparar no laboratório; também ao nível das saídas de campo (colheitas de amostras de águas e alimentos) o foi pois, tenho acompanhei os técnicos diversos a locais que até agora não tinha ido, por forma, a conhecer diferentes realidades. Foi ainda necessário adquirir (via online) certificados de controlo da qualidade dos meios de cultura utilizados no laboratório, especificamente, na microbiologia. Estes certificados são necessários para controlo da esterilidade dos meios de cultura, ou seja, para garantir a qualidade dos resultados das análises realizadas. O certificado abaixo, fornecido pela empresa Biogerm assenta no modelo previsto pela norma ISO/NP 11133-2.




sábado, 17 de maio de 2014

Acontecimentos Semanais

Olá Caríssimos Leitores!

O meu estágio no Laboratório Aqualab está, infelizmente, a chegar ao fim; faltam apenas duas semanas. Este tem sido um estágio muito interessante e muito enriquecedor para o meu percurso curricular.


Durante esta semana deparei-me com uma situação interessante: a contaminação por Clostridium de uma Água destinada ao Consumo Humano. Como futura Técnica de Saúde Ambiental comecei logo a pensar o que teria originado esta contaminação, o que provoca na saúde humana e formas de eliminar. Pois bem, continuem a ler a minha publicação nela encontrarão as repostas às perguntas anteriores.

O Clostridium perfringens é um indicador eficaz de contaminação fecal; pode ser encontrado em alimentos enlatados mal cozinhados ou mal esterilizados e em águas de superfície. Encontra-se de forma comum no tracto intestinal humano e de animais de sangue quente encontrando-se amplamente distribuído na natureza, principalmente no solo e em águas contaminadas com fezes.

É um bacilio Gram positivo, anaeróbio, esporulado e resistente à depuração da água. Os esporos são excepcionalmente resistentes a condições ambientais aquáticas adversas como radiação UV, temperatura e pH extremos e a processos de desinfecção (cloragem), podendo sobreviver nesta forma durante longos períodos.

Legislação Aplicável
Decreto-Lei nº 306/2007 de 27 deAgosto – estabelece o regime jurídico da qualidade da água destinada ao consumo humano (…) tendo por objectivo e proteger a saúde humana dos efeitos nocivos resultantes da eventual contaminação dessa água.

Ø  Valores Paramétricos – Parâmetros Indicadores da Qualidade da Água:


Como se pode constatar através da análise do quadro acima, o Clostridium perfringens é um dos parâmetros mais existentes em termos de resultados pois, o valor limite é de 0 N/100ml. “Verificada uma situação de incumprimento dos valores paramétricos do presente decreto -lei, as entidades gestoras devem investigar imediatamente a sua causa e adoptar as medidas correctivas necessárias para restabelecer a qualidade da água destinada ao consumo humano, tendo especialmente em atenção o desvio em relação ao valor paramétrico fixado e o perigo potencial para a saúde humana”.


Efeitos na saúde humana

Apresenta potencial patogénico devido à produção de toxinas; pode provocar dores abdominais e diarreias.

 Deve ser tido em conta para a análise de risco para a saúde pública que o Clostridium perfringens constitui um bom indicador da eficácia, da desinfecção e dos processos físicos de tratamentos, tais como a filtração relativamente a vírus e protozoários. 

Métodos de Tratamento

A monitorização frequente das origens de água pode antecipar a detecção de potenciais problemas e permitir à Entidade Gestora actuar no sentido da sua prevenção. A monitorização da água na origem deve ser efectuada não só através do controlo analítico da água mas também através de visitas ao local. Os parâmetros a controlar e a sua frequência devem ser adaptados a cada situação, em função das características da qualidade da água e dos riscos identificados.

Como o C. perfringens é um bacilo esporulado é pouco sensível aos processos de desinfecção mais comuns, nomeadamente, como cloro e dióxido de cloro. Nestes casos, a aplicação de um tratamento sequencial como a coagulação/clarificação e/ou filtração podem auxiliar na redução global deste microrganismo. Os tratamentos mais eficazes para a sua redução são: ozonização, ultravioleta (em águas com baixa turvação), ultrafiltração e filtração rápida sobre filtros optimizados para este fim.



Fontes:
Ø  Clostridium perfringens – Comissão Especializada de Qualidade da Água, Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas.        
Ø  Fluka Analytical - Surface Water a Source of Clostridium perfringens.
Ø   WHO (2011) - Guidelines for Drinking-Water Quality, fourth edition, Geneva.
Ø  Instituto Regulador de Águas e Resíduos - Controlo Operacional em Sistemas Públicos de Abastecimento de Água.

Fontes Complementares: Consumo de Água de Nascentes Naturais – Um Problema de Saúde Pública; Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, Departamento de Saúde Ambiental. 

sábado, 10 de maio de 2014

Actividades Semanais

Após uma semana que se mostrou diferente do habitual foi, então, altura de voltar à rotina, de uma certa forma.

Como é habitual na segunda-feira dediquei-me à preparação de alguns meios de cultura. Para além dos habituais destaco dois que fiz pela primeira vez: Acetamida e Lactose-Gelatina.
Ø  Acetamida: meio de cultura utilizado para confirmação de bactérias gram-negativas, particularmente, Pseudomonas aeruginosa; estes microorganismos têm a capacidade de produzir amónia a partir da acetamida. As Pseudomonas são organismos capazes de crescer em água a concentrações muito baixas de nutrientes.
Os principais indicadores de qualidade da água são Escherichia coli e Enterococos contudo, a contagem de Pseudomonas aeruginosa, em águas de recreio pode ser útil em casos de suspeita de descargas resíduos de papel e celulose ou de efluentes de fábricas têxteis.
Ø  Lactose-Gelatina: é um meio de cultura que tem como finalidade verificar se há crescimento de Clostriduim perfringens; o meio contém lactose para testar a fermentação e gelatina para testar a liquefacção. A fermentação da lactose é indicada através da presença de bolhas de gás, bem como uma alteração da cor do meio (vermelho para amarelo).



Pesquisa e Quantificação de Legionella
         Durante esta semana de estágio tive oportunidade de auxiliar na pesquisa e quantificação de Legionella; é um processo complexo mas muito interessante e inovador.
         Encontram-se presentes em ambientes aquáticos um grande número de bactérias. Muitas são inócuas para o ser humano mas outras, como a Legionella ou Pseudomonas são responsáveis por infecções ou doenças e outras são indicadoras da qualidade/poluição da água, como a E.coli.
         Um controlo regular da presença de bactérias nos sistemas de distribuição de água, jacuzzis, piscinas, piscinas de hidroterapia, e/ou nos sistemas de água potável ou de água proveniente de processos industriais, é a única forma de prevenir doenças ou infecções. A detecção e enumeração de bactérias patogénicas e de indicadores da qualidade da água são obrigatórias e recomendadas em muitos países desenvolvidos.

Existem, de um modo geral, dois métodos de detecção de Legionella em amostras de água: o método baseado na Reacção Polimerase em Cadeia (PCR) em tempo real e o método baseado em meios de cultura (Clássico). Os métodos convencionais apresentam alguns inconvenientes, como a baixa sensibilidade e longos períodos de incubação, enquanto que o método baseado na técnica PCR em tempo real permite a detecção em 24 horas. Quando é utilizada a técnica PCR em tempo real, as sequências de DNA específicas de cada estirpe são amplificadas e detectadas em tempo real através de sondas fluorescentes.
No laboratório Aqualab é utilizado o Kit Aquadien para purificação e extracção do DNA de Legionella presente em amostras de água. O princípio da extracção do DNA baseia-se na lise alcalina da bactéria na presença de um choque térmico e a purificação do DNA é feita através de ultrapurificação.
Quando se trata de detectar uma bactéria com o potencial patogénico da Legionella, é de especial importância obter resultados o no menor espaço de tempo possível, a fim de infectar o menor número de pessoas, ou seja, prevenir.
Caso a seja detectada Legionella na rede de abastecimento de um determinado edifício ou espaço devem ser tidos em conta alguns cuidados de desinfecção. Consulte a seguinte publicação acerca de prevenção de Legionella em sistemas de abastecimento de água: http://www.sainfinityines.blogspot.pt/2013_10_01_archive.html









               Ficha de Produto – Gelatin Lactose Medium;
           
               Guia de Utilização, Kit Aquadien – Bio-Rad Laboratories ; pág. 3;
              
               Legionella  Monitorning, Water Testing - Bio-Rad Laboratories.







  

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Como puderam constatar com a anterior publicação, ontem foi o dia do Workshop organizado pelo Aqualab, Laboratório Clínico e de Saúde Pública.


Este Workshop teve início com uma apresentação acerca da “Acreditação, Qualidade e Satisfação” pois, o laboratório Aqualab é laboratório certificado e possui acreditação no âmbito dos ensaios. Este assenta na filosofia de satisfação total dos clientes.

Figura 1 – Documento comprovativo de Certificação do Aqualab, Laboratório Clínico e de Saúde Pública, pela NP EN ISSO 9001.






















               
Figura 2 – Documento comprovativo de Acreditação de ensaio realizados no Aqualab, Laboratório de Análises Clínicas e Saúde Pública.


No decorrer das apresentações tive ainda o privilégio ouvir uma apresentação em Inglês, realizada por uma parceira da Empresa Biorad, acerca do método para detecção de Legionella em tempo real (“Legionella, o futuro – PCR em tempo real”).
Por fim, mas não menos importante, foi a apresentação relativa aos princípios do HACCP e à necessidade de realização de determinados tipos de análises microbiológicas. Esta apresentação foi desenvolvida por uma Engenheira da Empresa HISA e por uma colaboradora do Laboratório Aqualab.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Seminário Grupo Aqualab

Realiza-se amanhã um Seminário apresentado pelo Grupo Aqualab e alguns pareceiros, que se intitula: “Controlar e Prevenir – Controlo Analítico e Saúde Pública”. O programa será o seguinte:

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Análises Microbiológicas Realizadas no Âmbito da Segurança Alimentar

O Codex Alimentarius sobre higiene alimentar define “Segurança Alimentar” como sendo a garantia de que os alimentos não provocarão danos ao consumidor quando são preparados ou quando são ingeridos de acordo com a sua utilização prevista; o controlo higiénico eficaz é fundamental para evitar as consequências nefastas para a saúde humana. No sentido de proteger o consumidor e salvaguardar o produtor os estabelecimentos devem proceder à análise periódica de alguns alimentos.

É por isso que o Decreto-Lei nº132/2000 refere que os géneros alimentícios; os aditivos alimentares, vitaminas, sais minerais, oligoelementos e outros aditivos destinados a serem vendidos como tal; e os materiais e objectos destinados a entrar em contacto com os géneros alimentícios devem ser sujeitos a controlo oficial. Isto é, devem ser sujeitos a um conjunto de operações destinadas a verificar a sua conformidade “com as disposições que têm por objectivo prevenir os riscos para a Saúde Pública, garantir a lealdade das transacções comerciais e defender os interesses dos consumidores e o seu direito à informação”.

De acordo com os artigos 13º e 14º do Decreto-lei nº132/2000, “para efeitos do exercício do controlo oficial dos géneros alimentícios são considerados como laboratórios competentes os laboratórios acreditados e avaliados” pelo Instituto Português da Qualidade (IPQ).

No laboratório Aqualab são realizadas as colheitas de amostras de alimentos e posteriores análises microbiológicas, de modo a que cada empresa tenha o seu controlo oficial actualizado e em caso de existência de perigo para a Saúde Pública estas possam controlá-lo.

Documentos Aplicáveis:

- O Decreto-Lei nº 132/2000 define as regras aplicáveis ao exercício do controlo oficial dos géneros alimentícios;
 
      - O Regulamento CE 178/2002 determina os princípios e normas gerais da legislação alimentar, cria a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos e estabelece procedimentos em matéria de segurança dos géneros alimentícios;

      - O Regulamento CE 853/2004 estabelece regras específicas de higiene aplicáveis aos géneros alimentícios de origem animal;
       
     -O Regulamento CE 852/2004 pronuncia-se acerca da higiene dos géneros alimentícios;

      - O Codex Alimentarius é um código Internacional de Boas Práticas que se debruça sobre os Princípios Gerais da Higiene dos Alimentos;

      - Valores Guia do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) fornecem Linhas de orientação para avaliação da qualidade microbiológica dos produtos. Servem para identificar situações que requerem monitorização, com o objectivo de garantir o cumprimento das Boas Práticas de Fabrico;

      - As Normas ISO fornecem dados para pesquisa e contagem de microorganismos.


terça-feira, 22 de abril de 2014

Boa tarde caros leitores!

Espero que tenham passado um Boa Páscoa.

Passada a semana da Páscoa em que tive o privilégio de usufruir de umas mini-férias estou de volta ao trabalho. Ao contrário do que é costume, esta semana comecei (3ª feira) por sair para fazer colheitas de amostras de águas e alimentos em piscinas e unidades hoteleiras. Concluídas as colheitas é altura de regressar ao laboratório. Como estive uma semana ausente foi necessário verificar o stock de meios de cultura e diluentes, por forma a fazer mais destes caso se mostrasse necessário. Como tal, fiz Lactose Gelatina, Água Peptonada Tamponada e Nitrato de Mobilidade.
Como é óbvio e de especial importância coloquei-me a par das actividades que vou desenvolver no decorrer da semana (número de amostras que irão chegar, saídas para realização de colheitas, etc.).

Bom início de semana

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Olá Caros Leitores!

Vou falar-vos de como começou a minha semana no Aqualab. Ontem, segunda-feira, comecei por desinfectar as bancadas de trabalho do laboratório de microbiologia e da sala de preparação de alimentos; é aplicado um desinfectante específico, espera-se cerca de 15 minutos e limpa-se com papel descartável. Após a desinfecção coloca-se uma placa de contacto com PCA (Plate Count Agar) em cada uma das superfícies (cada superfície tem um nome específico) e de seguida estas são colocadas em estufa a 30ºC durante 24h; após este período procede-se à verificação do crescimento de microorganismos. Este é um processo que se repete todas as segundas-feiras pois, é extremamente importante que todas as superfícies se encontrem devidamente desinfectadas, por forma a evitar a contaminação do material (águas, alimentos) que está a ser analisado.

No início de cada semana, segunda e terça-feira, existe praticamente sempre a necessidade de preparar alguns meios de cultura e diluentes (servem para fazer diluições). O meio de cultura que preparei foi Extracto de Levedura Agar e os diluentes foram Água Peptonada Tamponada e Soluto de Ringer.

Características dos meios e diluentes preparados:

 Ø  Extracto de Levedura Agar é utilizado para contagem de microorganismos viáveis em água, leite, alimentos e produtos lácteos. Após a sua preparação este é fundido e incorporado em placas de Petri com a respectiva diluição (água, alimente, etc.).
 Ø  Água Peptonada Tamponada é um meio de cultura desidratado; é utilizado como meio de pré-enriquecimento antes do enriquecimento selectivo para o isolamento de Salmonella a partir de alimentos, favorece também condições para a reactivação de células que foram danificadas pelo processo de conservação.
Uma pesquisa que envolveu o isolamento de Salmonella proveniente de carne contaminada artificialmente com microorganismos danificados de forma não letal, demonstrou que o pré-enriquecimento com Água Peptonada Tamponada a 37 ° C durante 18 horas antes de selecção em meio específico apresentou resultados melhores comparativamente com um método de selecção directa. 

Figura 1- Embalagem de Água Peptonada Tamponada utilizada no laboratório.



 Ø  Soluto de Ringer é apresentado sob a forma de comprimidos; é uma solução tampão salina que serve para fazer diluições e/ou para “lavar” os copos que são utilizados para filtrar as águas.


Figura 2 - Embalagem de Soluto de Ringer utilizado no laboratório.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Análises Microbiológicas de Alimentos






No decorrer desta semana tive oportunidade de ver mais de perto e de auxiliar na execução de análises microbiológicas a alimentos.
A análise microbiológica de alimentos tem como objectivo a verificação qualitativa e quantitativa de microorganismos presentes no alimento; através da análise consegue-se conhecer as condições de higiene em que o alimento foi preparado e os riscos que pode transmitir à saúde do consumidor. Estas análises são indispensáveis também para verificar se os padrões e especificações microbiológicas estão a ser respeitadas.
 Existem diversos métodos que podem ser utilizados para determinação qualitativa e quantitativa de microorganismos em alimentos; desejavelmente estes devem ser aprovados por órgãos reguladores, podendo ser métodos padrões ou recomendados (Franco & Landgraf, 1996).

A descrição que se segue é a base do procedimento para realização de análises microbiológicas a alimentos utilizada no Aqualab: 
        1.     Pesar 25g da amostra;
        2.    Adicionar o diluente;
        3.    Homogeneizar em “stomacher” (aprox. 60 seg.);
Obtém-se, assim, a diluição 10-1 .
        4.    A partir da diluição  10-1 fazer as diluições seguintes (consoante as que sejam necessárias);
        5.    Inocular 1ml de cada diluição para placas de Petri esterilizadas;
        6.    Adicionar a cada placa cerca de 15ml de meio (difere com o tipo de microorganismo a pesquisar);
        7.    Após a solidificação do meio incubar em estufa à temperatura e tempo pretendidos.

Após a incubação do meio são contadas o número de colónias formadas em cada placa de Petri e, posteriormente enviado o resultado da análise para o cliente.



sexta-feira, 28 de março de 2014

Após a publicação alusiva às características do Norovírus segue-se um pouco de epidemiologia.

No hemisfério norte, a gastroenterite causada por Norovírus é mais comum no Inverno e no início da Primavera; no hemisfério sul, os surtos são mais frequentes durante a Primavera e o Verão.



 Lopman et al.51 (2003) aquando da análise de amostras de surtos ocorridos entre 1995 e 2002, observaram que o pico máximo de infecção por Norovírus ocorreu durante o Verão, ao contrário das divulgações da época, que descreveram maior ocorrência no Inverno (em Inglaterra).

Notícias sobre casos de Norovírus:

Surto de Origem Alimentar por Norovírus num Restaurante do Porto
“Os resultados assentam num estudo epidemiológico retrospectivo, realizado através de um formulário (…) e na análise laboratorial de duas amostras de fezes e uma de emése.” “As características epidemiológicas do surto, tais como, a taxa de ataque de 76%, o período de incubação médio de 28h, a duração média da doença de 45h e a ocorrência de casos secundários cumpriram na íntegra os 4 critérios de Kaplan definidores de surto por Norovírus.”

Consulte a notícia na intregra:


Os Vírus são a segunda causa mais importante de surtos alimentares na União Europeia.

“Os vírus têm vindo a ser reconhecidos como sendo cada vez mais importantes no que diz respeito a surtos de doenças de origem alimentar. Em 2009 foram responsáveis ​​por 19% de todos os surtos na União Europeia; causaram mais de 1000 focos e afectaram mais de 8700 cidadãos. O número total de surtos causados ​​por vírus tem vindo a aumentar desde 2007. Os alimentos podem actuar como um veículo para a transmissão de certos vírus para os seres humanos que, em alguns caos, são altamente contagiosos a podem reduzir as manifestações generalizadas.”
“De acordo com o Painel Científico da European Food Safety Authority (EFSA) sobre Riscos Biológicos devem ser estabelecidas medidas eficazes para controlar a propagação dos vírus, evitando assim a contaminação em todos os níveis, em vez de remover ou inactivar os vírus dos alimentos contaminados”.

Consulte a notícia na íntegra:

sexta-feira, 21 de março de 2014

Norovírus


Os Norovírus foram os primeiros agentes virais ligados à doença gastrointestinal; são um grupo de vírus redondos de dimensões compreendidas entre 30nm e 38nm, também conhecidos por SRSV (Small Round Structural Virus); o seu genoma é constituído apenas por uma cadeia simples de RNA.


Existem diversos tipos de Norovírus, estando identificados pelo menos 15 genótipos distintos sendo o vírus de Norwalk o mais conhecido. O seu nome está associado à pequena cidade do Ohio nos Estados Unidos, onde, em 1969, ocorreu um surto de gastroenterite que permitiu detectar e identificar, pela primeira vez este vírus como o agente causador da patologia.
O desenvolvimento de técnicas moleculares voltadas para o diagnóstico dos Norovírus forneceu dados mais claros sobre o impacto epidemiológico desses vírus. Os Norovírus são a maior causa de gastroenterite humana aguda não bacteriana de transmissão alimentar ou transmissão pessoa a pessoa via fecal-oral, acometendo adultos e crianças em todo o mundo. 
Alguns estudos epidemiológicos sugerem que os vírus podem ser transmitidos por via aérea ou através de reservatórios de água quando estas são subterrâneas e estão contaminadas. 
As infecções por Norovírus são altamente contagiosas, podendo ocorrer  casos esporádicos ou grandes surtos de diarreia aguda; acontecem na maioria das vezes em pequenas comunidades fechadas como hospitais, escolas, universidades, acampamentos, cruzeiros, hotéis e restaurantes.
 O controlo de qualidade dos alimentos é frequentemente baseado na contaminação bacteriana o que leva a que a contaminação viral não seja sempre notificada. 
As manifestações clínicas se caracterizam por náusea, dor abdominal, vómito e diarreia podendo em alguns casos apresentar formas mais graves.
O período de incubação do vírus varia entre 24 e 48 horas, sendo que a duração dos sintomas dura entre 12 a 60 horas.
Cerca de 10% das pessoas que contraem infecção por Norovírus necessitam de atendimento médico, incluindo hospitalização e tratamento contra desidratação com terapia de reidratação oral ou intravenosa. As mortes causadas por Norovírus são reportados com mais frequência em pessoas idosas; cerca de 30% deste tipo de infecções são assintomáticas, embora o vírus seja transmitido na mesma, ainda que com títulos mais baixos que no caso dos sintomáticos.

Alimentos que apresentam maior risco de contaminação por Norovírus:
  •     Mariscos que, por serem animais filtrantes, concentram os vírus existentes na água contaminada;
  • Saladas de legumes ou de frutas;
  • Produtos de pastelaria, sanduíches ou qualquer outro produto alimentar que esteja sujeito a manipulação pelos operadores e que não sofra um tratamento térmico posterior;
  • Água (e gelo) que apresente indícios de contaminação fecal.
      
       Prevenção

      Embora seja difícil evitar ser contaminado por Norovírus, existem medidas que, a priori, se mostram importantes. As boas práticas de higiene poderão limitar a propagação do vírus; os manipuladores de alimentos devem lavar as mãos com água sabonete (ou álcool) especialmente após idas à casa de banho e ante da preparação de alimentos, estes não devem manipular alimentos ou preparar refeições quando se encontram infectados com Norovírus.
     As frutas, os legumes, as outras e outros frutos do mar requerem especial atenção no momento da sua lavagem; devem ser lavados cuidadosamente por forma a eliminar o máximo de microorganismos.
    As superfícies contaminadas após um episódio de vómito ou diarreia devem ser imediatamente limpas e desinfectadas com um produto de limpeza que contenha cloro na sua composição (eliminar os microorganismos).
    As roupas contaminadas com vómitos ou fezes devem ser lavadas de imediato; devem ser manuseadas com cuidado de preferência com luvas, para evitar a propagação do vírus.