quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Programa de Prevenção de Doenças Transmitidas por Artrópodes - Mosquitos





O Regulamento Sanitário Internacional (Decreto-Regulamentar 1ª série, nº12 de 23 Janeiro de 2008) preconiza o estabelecimento de programas de vigilância e controlo de vectores no perímetro dos portos e aeroportos.

Programa de Prevenção de Doenças Transmitidas por Artrópodes, particularmente mosquitos, doravante PPDTA, integra uma rede de vigilância de vectores, nomeadamente o conhecido REVIVE (Programa Nacional de Vigilância de Vectores Culicídeos). Este programa realiza-se apenas no Algarve devido a alterações climáticas com a agravante do fenómeno da globalização (facilidade no intercâmbio de mercadorias, plantas exóticas, animais de companhia). Algumas espécies de mosquitos que se pensava estarem confinadas a climas sub-tropicais, quando transportadas acidentalmente para climas temperado (ex.: Portugal), poderão encontrar condições favoráveis ao seu desenvolvimento e proliferação.                                                                                 

Certas espécies de mosquitos podem ser vectores de doenças como a malária, febre-amarela, dengue, vírus do Nilo Ocidental, encefalite japonesa, chikungunya (arbovírus – vírus transmitidos por artrópodes), em que a situação geográfica implica o acréscimo do risco de infecção.           A forma mais eficaz de minimizar o risco é através da redução ou eliminação das populações de espécies vectoras e prevenção da picada, visto não existir ainda, uma vacina eficaz que permita preveni-las ou um tratamento específico para cada uma.

Os objectivos da Implementação do PPDTA são os que se seguem:
- Identificação de espécies de insectos presentes na região – autóctones e invasoras;
- Determinação do nível de infecciosidade por arbovírus;
- Controlo das populações de insectos (minimização do risco de doença);
- Emissão de alertas;
- Activação de Planos de Contingência.

Ciclo de Vida dos Vectores
         O ciclo de vida dos mosquitos compreende 2 fases, a aquática e a aérea, como se pode observar através da tabela abaixo.
Fase Aquática
Ovos
Larva
Pupa
Fase Aérea
Mosquito Adulto



                              Figura 1 – Ciclo de Vida do mosquito
 

Existem diversos factores que se mostram fundamentais para a existência de mosquitos, são eles:
Ø  A presença de água – meio através do qual se completa o seu ciclo evolutivo;
Ø  Estagnação e quietude nas acumulações de água favorecem a existência de criadouros, não inviabilizando as posturas de ovos;

Ø  Temperatura – o intervalo entre os 25°C e os 30°C corresponde ao desenvolvimento mais rápido e ao maior número de descendentes, pelo que nas épocas de Primavera e Verão a população de mosquitos tende a aumentar. No entanto, as larvas destes vectores não sobrevivem a temperaturas entre os 5°C e os 8°C. Já os ovos de mosquito têm maior capacidade de resistência a longos períodos de dessecação e a temperaturas extremas (compreendidas entre o -15°C e os 48°C).


Picada
A picada de mosquito é feita pela fêmea, a qual faz a chamada “refeição de sangue”, a fim de possibilitar a postura de ovos. Ao contrário da fêmea que se alimenta de sangue, o macho alimenta-se de néctares. As fêmeas do género Culex picam à noite e as de Aedes fazem-no durante o dia, especialmente nas horas subsequentes ao pôr-do-sol.

Potenciais criadouros¹ de mosquitos
Os locais que apresentam melhores condições para desenvolvimento de populações de mosquitos são fossas, ETAR e os pontos de descarga da mesma ou água residual bruta.                                     
Consoante o género de mosquito, assim têm preferência para o seu local de desenvolvimento, conforme se pode avaliar pela tabela seguinte:

Tabela 1 – Locais preferenciais para desenvolvimento de mosquitos por género.
Género
Locais de Preferência
Cullex sp.
Água doce estagnada e poluída por matéria orgânica e bactérias (alimento para as larvas).
Anopheles
Acumulações de água doce que tanto pode ser limpa como poluída (preferência para a limpa).
Aedes
Água limpa e relativamente limpa (ex.: fontes ornamentais e recipientes utilizados para armazenar água doméstica – tanques, baldes com água – caleiras, pneus e outros que contenham água parada.

Locais alvo de pesquisa de criadouros de mosquitos
Ø  Acumulação de águas naturais: linhas de água e ribeiras, lagoas, depressões e marismas;
Ø  Acumulações de águas artificiais (urbanas): lagos, canais, tanques, represas, piscinas abandonadas, contentores, vasos, pneus, sumidouros, fossas, estações de tratamento de águas residuais (ETAR), pontos de descarga da ETAR.  

Prevenção e Controlo
Como se tem vindo a constatar, sobrai a ausência de uma vacina humana eficaz para prevenção da infecção por arbovírus. Como tal, a prevenção baseia-se em dois princípios fundamentais:
Redução da densidade populacional de insectos vectores;
  Prevenção da picada dos insectos em humanos.

Levantamento das Condições Propícias ao Desenvolvimento Populacional de Insectos Vectores na Região

Cabe aos Serviços de Saúde Pública em cada concelho, no Âmbito do Programa de Acção (2005-2012) realizar “visitas” que permitam identificar os potenciais locais propícios à criação e proliferação de vectores, verificar as características e condições das zonas envolventes a cada local, de modo a realizar uma avaliação global de cada local potenciador de risco de infecção. A avaliação deve ser elaborada de forma representativa e integrada, numa perspectiva regional.                               
A realização das “visitas” aos potenciais criadouros de mosquitos conta para além da Saúde Pública, com elementos das Autarquias e da empresa Águas do Algarve, o que viabiliza o conhecimento da disponibilidade e intenção que cada entidade tem em executar as alterações que se mostrarem necessárias ou até mesmo a sua sensibilização para problemáticas que se venham a verificar.

¹) Criadouro – Local propício ao crescimento ou desenvolvimento de algo.




Procedimento para Verificação de Potenciais Criadouros de Mosquitos


  1. Verificação das condições da água e envolvente do local, as quais deverão ser registadas através de uma grelha.
  2. Realização da calada (recolha de água), utilizando um caço (equipamento utilizado), conforme a figura abaixo:
Figura 2 - Realização da calada.

3.    Após a execução da calada, importa verificar se existem estádios larvares na água existente no local em estudo (ver figura 3).



Figura 3 – Verificação da existência de estádios larvares (pontos negros de menores dimensões).